sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Soneto À Rosa


Ó, Rosa, vejo que pela vaidade,
Em tanta seda, você se faz lustrosa,
Com o mais fino perfume, a beleza
Sua, em todo o jardim, não tem igualdade,

Porém, gostaria que soubesse, ó, Rosa,
Que uma bela flor logo tem seu poente,
Que toda seda fica velha e esgarça
E que a vaidade se esvai em um instante.

Mas, caso for verdade, belíssima flor,
Que o tempo é soberano e decadente
Para a matéria, de pequeno valor

É teu brio. Se quiser vencer o tempo,
Seja vaidosa ao que o corpo transcende
E será a mais bela em todo momento.

19/10/09

domingo, 11 de outubro de 2009

Poema À Evolução Humana


“It’s evolution, baby”

Eu sou o homem, eu sou a civilização
Minhas mãos realizam coisas incriveis,
Pois eu sou a sexta divina criação,
Feito para estar no topo e sermos reis.

Para sustentar a minha coroação,
Eu mato no momento necessário
E também quando ainda existir outra opção,
Caso assim me mantiver perdulário.

Pela minha causa de valores fieis
Aos instintos aferidos da razão
Cega de minha fome, eu chego a absurdez

De assumir o estado de um ser primário
Dotado de uma desumanização
Feita em engenhos autofagocitários.

10/10/09

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Soneto das Duas Faces


"I look inside myself and see my heart is black"

Se eu arrancasse essa minha mascara
Forjada em tanta seda e honradez,
Decerto veria eu o espanto em tua cara,
E esta, a verdade como em nenhuma vez:

Uma necrose que já não mais sara
De ideiais arraigados nas entranhas
De um corpo agora subsistente para
Servir de lenha a tais brasas estranhas,

Que se consome, ora pela altivez,
E ora pela paixão tão negra e cara,
De forma que só o orgulho e a morbidez

Sobejem após tudo virar cinzas,
Autodevorando-se pela tara
De serem, enfim, só mortas ou vivas

07/10/09